segunda-feira, 9 de abril de 2012

Aeroporto Internacional da Madeira

(fotos tiradas da net)
A primeira tentativa para chegar a Madeira por ar, foi efectuada na clandestinidade pelo Tenente Sarmento de Beires, do Grupo de Esquadrilhas de Aviação República. O avião escolhido por este foi um Breguet XIV A2. Todos os preparativos para a viagem fazem-se quase em segredo. Este antigo bombardeiro não tinha autonomia suficiente para percorrer os 900 Km. Para contornar esta limitação, adaptaram-lhe um depósito suplementar para que este tivesse uma autonomia de sete a oito horas, quando a duração estimada era de cinco horas e meia. Embora o aparelho ideal para esta viagem fosse um hidroavião, essa hipótese era posta de parte, pois o exército não disponha de um. Como o Breguet era um avião de rodas, havia a necessidade de escolher um local para aterrar. Depois de alguns estudos da topografia, a solução avançada foi o Paul da Serra.
Finalmente no dia 18 de Outubro de 1920, Brito Pais e Sarmento de Beires, "montados" no recém baptizado "Cavaleiro Negro", descolam pelas dez horas com o céu limpo. Para se orientarem utilizam os navios como ponto de referência. Por volta das catorze horas, aparecem as nuvens e o rumo é corrigido. Passaram algumas horas a tentar encontrar o Arquipélago da Madeira. Passadas oito horas decidem amarar junto a um cargueiro inglês, que os socorre. Estavam a 500 km da Madeira.
Efectivamente a primeira ligação com a Madeira foi efectuada por Gago Coutinho. Esta serviria para testar métodos para a grande viagem transoceânica que planeava empreender: A Travessia do Atlântico Sul.
O avião escolhido foi um Felixtowe da Aviação Naval. Este avião tinha uma autonomia máxima de 510 milhas. Todavia a distancia a percorrer até a Madeira era de 530 milhas. A viagem só era possível com base num rigoroso planejamento e contando com vento favorável de norte.
Em 22 de Março de 1921, as condições eram favoráveis e o avião descola da Trafaria, com 3800 libras, chegando ao Porto Santo seis horas e vinte minutos depois. Desta forma simples, é realizada a primeira viagem aérea ao Arquipélago da Madeira.
Só em 1945, quando todos os países europeus já tinham assegurado ligações aéreas entre as diferentes parcelas dos seus territórios, é que Portugal, por proposta de Humberto Delgado, cria a Secção do Transporte Aéreo. Esta antecessora da TAP, que detinha o monopólio dos transportes aéreos nacionais, abriu mão do percurso Lisboa-Funchal, por não dispor de um hidroavião e por não existirem na Madeira infra-estruturas adequadas para os seus aviões. Esta, estava equipada com 8 Dakotas e 4 Skymasters e outros tantos aviões de guerra, e começou a operar em 1946 entre Lisboa, Luanda e Lourenço Marques.
É somente em 1949 que se estabelecem as primeiras ligações regulares de hidroaviões entre Southampton, Lisboa e Funchal, pelas mãos da Companhia Aquila Airways.
Esta empresa iria terminar os seus voos para a Madeira em 1958 por razões financeiras. Nesse mesmo ano uma nova companhia, a ARTOP-Aero-Topográfica, Ltda., anuncia a sua operação de transporte entre Lisboa e Funchal, tendo a seu serviço dois hidroaviões bimotores Martin-Mariner adaptados para estas viagens. Depois de alguns voos, esta companhia encerrou todas as viagens entre Lisboa e Funchal, por causa de um acidente ocorrido com um hidroavião, baptizado por Porto Santo na sua viagem inaugural a Madeira, no dia 9 de Novembro de 1952. Este desapareceu no Atlântico uma hora depois de ter descolado.
Assim, a Madeira fica novamente sem transportes aéreos directos até 1964, data em que se inauguraria o Aeroporto de Santa Catarina.
Desde 1944 que vinha sendo estudada a construção de um aeroporto na Ilha da Madeira. Vários locais foram analisados, entre os quais destacam-se São Martinho, São Lourenço, Paul da Serra, Santa Catarina e outros. Só em 1956, depois de enormes pressões por parte da opinião pública madeirense, são seleccionados os locais de Santa Catarina, Paul da Serra e São Lourenço, tendo a escolha recaído sobre o primeiro.
É em 29 de Agosto de 1960 que o Ministro Carlos Ribeiro anuncia oficialmente a decisão da construção do Aeroporto de Santa Catarina. São abertas as propostas das firmas concorrentes, sendo a Construtora Tâmega, Ltda., a firma escolhida, com um orçamento de 69 942 455$50 e com um prazo de conclusão de 700 dias. É de salientar que foi esta mesma empresa que construiu o Aeroporto do Porto Santo, por cerca de 96 mil contos.
No dia 8 de Julho de 1964, o Super Constellation da TAP, aterra pelas 11 horas e 24 minutos, transportando uma larga comitiva de convidados, onde se destaca o Presidente da TAP, Eng. Vaz Pinto. Na cerimónia de inauguração também estava o Presidente Américo Thomaz. A partir desse dia o sonho de todos os madeirenses estava realizado.
Um dramático acidente ocorrido com um Boeing 727 da TAP, numa noite de temporal do dia 19 de Novembro de 1977, este despista-se em Santa Catarina com 156 passageiros e 5 tripulantes a bordo, fazendo 106 vitimas. Toda a população madeirense e não só, fica em estado de choque. Por causa deste acidente todos os esforços são efectuados para um aumento da actual pista.
Depois de estudos efectuados pelo Prof. Edgar Cardoso, as obras começam em 1982. Embora este aumento possa parecer pouco significativo, vem permitir a sua utilização por quase todo o tipo de aviões de médio curso, com as devidas limitações conhecidas. A inauguração deu-se no dia 1 de Fevereiro de 1986.
No dia 12 de Dezembro de 1994, é assinado o primeiro contracto de empreitada, que compreendia uma ampliação para 2336 metros, um aumento do estacionamento de aeronaves para 14 posições, das quais 2 wide-bodies e a construção de parques e novos acessos automóveis. A este contracto seguiram-se, em 1997 e 1999, assinaram-se os contractos correspondentes às empreitadas de ampliação da pista para a sua versão final (2781 metros), e o novo terminal de passageiros.
Depois da inauguração, o Aeroporto de Santa Catarina, passou a ter o nome de Aeroporto Internacional da Madeira.

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